Intervenção Precoce

A preocupação com a saúde mental na infância e adolescência tem vindo a emergir de forma significativa, a par da ocorrência de sucessivas crises de cariz mundial que comprometem o natural desenvolvimento e complexificação dos processos psicológicos e comportamentais. O isolamento e a reduzida participação social, em consequência dos sucessivos confinamentos inerentes à pandemia por Covid-19, demonstrou, de forma clara e inequívoca, a  importância do ambiente social na concretização de um desenvolvimento saudável.

Neste momento de rescaldo, com o retomar das rotinas e da participação social, a maior preocupação recai sobre a negligência com a saúde mental infantil, a qual poderá originar diferentes alterações emocionais e comportamentais. Assim, é importante que os pais, cuidadores e professores estejam atentos a alguns fatores tais como:

  • Competências das crianças para brincar, relacionar-se e conviver com os seus pares;
  • Dificuldades de aprendizagens;
  • Sinais de tristeza, ansiedade, agitação excessiva ou irritabilidade;
  • Queixas persistentes de dores ou mal-estar;
  • Agressividade e dificuldade no controlo de impulsos;
  • Isolamento e/ou alienamento do que se passa à sua volta;
  • Dificuldades de concentração;
  • Alteração nos padrões de sono e alimentação…

Caso uma ou mais destas dificuldades estejam presentes de forma contínua e persistente devem procurar ajuda de um profissional de saúde, atendendo a que quanto mais cedo iniciar uma intervenção, melhor será o desenvolvimento da criança num todo. A ausência de um despiste e intervenção precoce incrementa o risco da criança perder oportunidades de desenvolvimento durante os estádios mais propícios, sob pena de poderem surgir sérias limitações na idade escolar, adolescência e vida adulta, uma vez que muitas das perturbações da idade adulta têm as suas raízes em fatores de risco da infância. Por outro lado, do ponto de vista clínico, a intervenção precoce é fundamental na promoção da saúde mental na infância dado que o desenvolvimento e maturação cerebral tem um ritmo muito rápido nos primeiros anos de vida e a plasticidade é seguramente maior, comparativamente com a de um adulto.

Acreditando que a Saúde Mental das crianças e jovens é uma prioridade no curso desenvolvimental desde uma idade muito precoce, as avaliações de despiste perante alterações comportamentais e emocionais não devem ser negligenciadas. Paralelamente, é crucial ter em consideração os diferentes contextos de vida da criança, onde os pais, principais cuidadores e os professores são agentes fundamentais na promoção de fatores protetores e de resiliência.

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