O conceito de “família” tem vindo a sofrer alterações ao longo dos tempos. Muito resumidamente, antes considerava-se “família” um grupo distinto formado por um pai e uma mãe com a função primordial de educar os seus membros descendentes. Com o passar dos anos, o conceito torna-se mais amplo considerando-se “família” um grupo de pessoas que vivendo juntas ou em contato intimo cuidam uns dos outros ao mesmo tempo que educam os seus membros descendentes.

As mudanças experimentadas pelas famílias nas últimas décadas, levantam, hoje em dia, a questão da identidade de família sob novos termos. Estas novas formas de constituição familiar, nas últimas décadas, têm-nos surpreendido tanto pela polivalência de expressões como pelo aumento da complexidade das relações familiares.

Numa família tradicional encontrada há décadas atrás, o pai era a figura de autoridade máxima da família. O homem tinha o papel de provedor da estrutura familiar, enquanto a mulher era submissa ao marido. O trabalho feminino voltava-se para o perfeito funcionamento do lar e dos afazeres domésticos. A mulher estava fadada à maternidade e ao papel de reprodutora. Já os avós tinham lugar na transmissão viva dos valores familiares sendo estes figuras importantes uma vez que eram eles que guardavam a memória familiar e a genealogia. A criança ocupava um lugar periférico na família.

Atualmente, estando a sociedade mais centrada no campo dos relacionamentos interpessoais, surge a família contemporânea onde as pessoas se conjugam segundo o seu desejo, onde as mulheres saem do lugar executivo de mães e cuidadoras do lar para disputarem um lugar público com o homem.

Com todas estas modificações, no laço conjugal contemporâneo há espaço para o autoquestionamento, os parceiros perguntam mutuamente como cada um se sente em relação ao outro e o projeto conjugal é constantemente repensado e revalorizado. A par destas mudanças torna-se fulcral que haja acompanhamento da família por um terapeuta familiar.