Psicofármacos

A Psiquiatria assistiu na segunda metade do século XX a enormes progressos científicos que nos permitiram oferecer respostas a muitas doenças, mitigando o sofrimento dos nossos pacientes.

Nas últimas décadas a evolução de novos fármacos tem sido mais lenta mas tem sido possível aprimorar o uso que lhes damos e tentar encontrar o equilíbrio usando fármacos com menos efeitos laterais e mais seguros.

Nos dias que correm os psiquiatras fazem uso de diversos tipos de fármacos com evidência científica no tratamento dos nossos pacientes. Estes podem incluir: Lítio, antiepiléticos, antipsicóticos, antiparkinsónicos, estimulantes, beta-bloqueadores, antidemenciais, entre outros. Mas os mais comuns e mais relevantes podem ser divididos em Antidepressivos e  Ansiolíticos.

Os antidepressivos são medicamentos que atuam em diferentes vias no cérebro e com diferentes mecanismos (não são todos iguais, por exemplo, alguns tratam a ansiedade e outros não). Atualmente têm utilidade na Depressão, na Perturbação Obsessiva Compulsiva, nas Perturbações de ansiedade, na Perturbação de stress pós traumático, etc… Importa salientar que são fármacos que levam pelo menos duas semanas a começar a ter eficácia clínica e devem geralmente ser usados por vários meses para que não haja um regresso da sintomatologia inicial. Não causam dependência e podem (e devem) ser descontinuados quando há uma decisão entre médico e paciente para o fazer. A escolha do antidepressivo a usar em cada paciente deve ser feita pelo médico tendo em conta as experiências anteriores do paciente, os sintomas que apresenta e as suas co-morbilidades.

De modo diferente, os ansiolíticos (na sua maioria benzodiazepinas) servem para uma ação rápida e temporária na ansiedade. Após a toma começa a haver uma redução dos sintomas físicos da ansiedade mas também das preocupações e angústias. No entanto, este efeito é temporário e pode haver risco de haver uma tendência para usar doses crescentes destes medicamentos para alívio dos sintomas, pelo que pode surgir, se mal empregues, o risco de abuso e dependência. Alguns destes medicamentos podem ser sedativos pelo que se usam para melhorar a qualidade/quantidade do sono, mas se inapropriados podem conduzir a sedação diurna inconveniente. Assim, são medicamentos que devem ter o seu uso restrito a situações agudas e temporárias e devem ser geridos de perto pelo médico.

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Dr. Mário Santos

Mestrado Integrado em Medicina pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e Pós-graduação em Terapia Cognitivo-Comportamental pela Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário. Especialista em Psiquiatria e Terapia Cognitivo-Comportamental.